Na segunda-feira (15), crianças da Costa do Marfim receberam as primeiras doses de uma nova vacina contra a malária, uma opção mais barata. A medida foi aclamada como um marco importante na batalha contra uma das doenças mais mortais do mundo.
A vacina R21, desenvolvida pelo Jenner Institute da Universidade de Oxford e pelo Serum Institute of India (SII), está sendo enviada a vários países africanos e também poderá ser aplicada no Sudão do Sul nesta terça-feira (16), informou a Universidade de Oxford em um comunicado enviado à CNN.
A vacina custa menos de US$ 4 por dose, o que a torna “realista para ser implementada em muitas dezenas de milhões de doses a partir de agora”, e tem altos níveis de eficácia de cerca de 75% a 80% em crianças pequenas, disse o professor Adrian Hill, diretor do Jenner Institute da Universidade de Oxford, que liderou o desenvolvimento da vacina, em uma entrevista à BBC Radio na segunda-feira.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 500.000 mortes de crianças podem ser evitadas anualmente com a implementação generalizada da R21, juntamente com a vacina RTS,S, sua equivalente.
Espalhada a partir de alguns tipos de mosquitos, a malária pode ser prevenida e curada, mas ainda assim provocou a morte de cerca de 608.000 pessoas em todo o mundo em 2022, de acordo com a OMS. Cerca de 95% dessas mortes ocorreram na África, onde crianças com menos de cinco anos de idade representam cerca de 80% de todas as mortes por malária no continente.
A SIII já fabricou mais de 25 milhões de doses e se comprometeu a produzir até 100 milhões de doses por ano, uma escala que permite que a vacina permaneça acessível, de acordo com a declaração da Universidade de Oxford.
A universidade informou que há doses suficientes para que 250.000 crianças com menos de dois anos de idade sejam inicialmente vacinadas na Costa do Marfim. Além disso, Gana, Nigéria, Burkina Faso e República Centro-Africana também autorizaram a vacina.
A R21 será usada juntamente com a vacina RTS,S, que já foi aplicada em mais de dois milhões de crianças durante um programa piloto de quatro anos em Gana, no Quênia e no Malaui, reduzindo a mortalidade por qualquer causa em 13%, de acordo com o Unicef.
Ambas as vacinas já foram aprovadas pela OMS e espera-se que tenham um impacto extremamente positivo na saúde pública, juntamente com outras estratégias de prevenção, como os mosquiteiros.
Hill acrescentou que ainda há “muito trabalho para as pessoas no país se prepararem, especialmente quando se pretende distribuir milhões de doses a partir deste ano”.
“Essa é uma vacina de três doses, normalmente concedida aos cinco, seis, sete meses de idade e, em seguida, um reforço um ano depois. Não é um momento em que outras vacinas costumam ser aplicadas, portanto, é necessário treinamento nesses países de renda relativamente baixa.”