Em reunião com moradores da região do Contorno Leste neste domingo (30), o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini, anunciou que o município protocolará nesta segunda-feira (1º) o pedido formal de desapropriação da área ocupada por centenas de famílias. A medida marca o início do processo de regularização fundiária, que poderá garantir segurança jurídica e social às famílias que vivem no local. O encontro reuniu vereadores, lideranças comunitárias, representantes do Executivo e o deputado estadual Wilson Santos.
Segundo Abilio, a desapropriação é o caminho mais viável diante da vulnerabilidade das famílias. Ele destacou que, embora o procedimento correto fosse devolver o terreno aos proprietários, muitos moradores investiram tudo o que tinham na construção de suas casas. “Elas depositaram aqui sua esperança. Não podemos ignorar a quantidade de crianças e a situação social dessas famílias”, afirmou. O prefeito ressaltou ainda que o processo será conduzido com responsabilidade, separando eventuais irregularidades individuais da situação coletiva das famílias.
O prefeito também informou que enviará à Câmara Municipal um projeto de lei para desafetar uma área pública localizada na via do aeroporto Bom Futuro, garantindo segurança jurídica ao processo. Ele reafirmou que os proprietários da área serão indenizados judicialmente, sem prejuízo aos donos legais. A decisão foi tomada após diálogos com representantes da comunidade, do Ministério Público e do Judiciário, no sábado (29).
Durante o encontro, Abilio disse que, até o momento, nenhuma emenda parlamentar tenha sido destinada à regularização fundiária do Contorno Leste. Mesmo assim, declarou que a Prefeitura está preparada para receber recursos de deputados estaduais e do Governo Federal. Ele explicou que, com o início da regularização, o município poderá implantar serviços essenciais como iluminação pública, abastecimento de água e atendimento social. A Assistência Social iniciará visitas técnicas às famílias.
A reunião contou com depoimentos emocionados de moradores e lideranças comunitárias. Daniel Ramalho, advogado do Contorno Leste, classificou a decisão como um marco após três anos de incertezas. Representantes de bairros como Jardim Esperança 1 e 2 relataram a situação delicada das famílias, incluindo crianças com deficiência, idosos e moradores em extrema vulnerabilidade. Para muitos, a desapropriação significa dignidade e a chance de não serem removidos.
Moradores como Nethaly Rodrigues Siqueira, mãe de duas crianças — uma delas com microcefalia — relataram o alívio com o anúncio da Prefeitura. Sem condições de pagar aluguel e dependendo integralmente da moradia, ela e outras famílias afirmaram que a medida representa a possibilidade de reconstruir suas vidas com segurança e estabilidade.


