Investigações realizadas pela Polícia Civil, demonstraram que Célio Rodrigues da Silva, mesmo estando fora da Secretaria de Saúde de Cuiabá desde o dia 30 de julho de 2021, continuava dando ordens na Pasta.
Na semana passada, mais uma fase da Operação Cartão-Postal apurou um esquema fraudulento na prestação de serviços à Saúde de Sinop. Segundo a investigação, foram movimentados mais de R$ 87 milhões. Célio, o advogado Hugo Florêncio de Castilho, Jefferson Geraldo Teixeira, Roberta Arend Rodrigues Lopes, Elisangela Bruna da Silva e João Bosco da Silva tiveram as prisões decretadas.
O esquema foi delatado por um médico que participou das fraudes e realizou uma colaboração premiada para a polícia em fevereiro deste ano. Conforme ele, Célio e Hugo eram ‘a mesma pessoa’, já que as empresas envolvidas no crime eram dos dois.
O médico revelou para a polícia que no dia 03 de fevereiro de 2023, Célio ligou para o então secretário de Saúde de Cuiabá, Guilherme Salomão, e falou em tom de ordem que “contrato está errado, não é assim que ele tem que ser feito. O procurador já não te mandou a carta falando que é pra pagar integral os plantões?”.
A dificuldade mencionada pelo médico era para que a MedClin, empresa de Célio e Hugo, e os médicos recebessem o valor total do contrato com a prefeitura da Capital, era exigido que os médicos realizassem 32 ou 36 atendimentos para fazerem jus ao “valor cheio” do plantão.
No entanto, a empresa que fornecia o software que fazia a contabilidade do número de atendimentos nos plantões interrompeu o fornecimento do serviço por falta de pagamento. Assim, não havia como a MedClin comprovar quantos atendimentos os médicos tinham feito nos plantões, o que prejudicou o recebimento dos “valores cheios” pela empresa.
“A situação descrita demonstra um certo poder de comando de Célio Rodrigues da Silva em face do então Secretário de Saúde de Cuiabá/MT, Guilherme Salomão. Isto porque, mesmo sem ocupar um cargo na administração pública do Município, Célio possuía interferência direta no cargo máximo da pasta da Saúde Pública, mesma área de atuação pela qual já foi investigado por diversas vezes, tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Federal”, diz trecho da decisão.
A empresa MedClin já tinha dado problemas com a Intervenção do Estado na Saúde de Cuiabá. A interventora Daniella Carmona chegou a notificar a empresa em março deste ano por descumprir a escala de plantão de médicos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Verdão.
A empresa deveria ter enviado seis médicos para atuar na unidade, mas só apareceram três.
Não bastasse isso, dois desses médicos abandonaram o plantão noturno, alegando jornada exaustiva e atraso no pagamento. Com isso, apenas um permaneceu atendendo os casos de emergência.