O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (3) que poderá disputar a reeleição em 2026, desde que esteja com plena saúde. A declaração foi dada durante o encerramento do Encontro Nacional do PT, em Brasília, que também marcou a posse de Edinho Silva como novo presidente da sigla. “Para ser candidato tenho que ser muito honesto comigo. Preciso estar 100% de saúde. Para eu me candidatar e acontecer o que aconteceu com Biden, jamais. Jamais eu irei enganar o partido e o povo brasileiro”, afirmou Lula, em referência ao ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, que desistiu de sua candidatura à reeleição após apresentar sinais de desgaste físico e cognitivo.
Apesar da ressalva sobre as condições de saúde, Lula disse estar com disposição: “Quando falo que tenho 80 anos e energia de 30, vocês podem acreditar. Se eu for candidato, vou ser candidato para ganhar”. Durante o evento, o presidente também pediu empenho dos filiados para ampliar a bancada petista no Congresso Nacional, especialmente no Senado. Ele reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo governo em votações e ressaltou que muitas vezes é necessário ceder para garantir a governabilidade.
“Nosso partido só elegeu 70 deputados de 513. É muita diferença. Se fôssemos tão bons quanto pensamos, teríamos feito 140 ou 150. Mas isso é um problema de toda a esquerda”, disse. “Muitas vezes vocês acham que é derrota, mas aprovar uma reforma tributária num Congresso adverso é vitória. Com muita conversa, cedendo em muitas coisas, senão você não governa.” Lula também comentou a decisão de vetar o projeto que aumentaria o número de deputados na Câmara. “Eu vetei porque não é disso que o Brasil está precisando”, afirmou. “O Congresso tem o direito de derrubar meu veto. Vamos ver o que vai acontecer.”
Em outro momento do discurso, Lula abordou as tensões com os Estados Unidos após o ex-presidente Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e o atual governo norte-americano aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), com base na Lei Magnitsky.
O presidente brasileiro afirmou que há “limites” na disputa diplomática e que não pode dizer tudo o que pensa. “Nós temos que falar aquilo que é necessário. O governo tem que fazer aquilo que tem que fazer”, disse. Sem citar diretamente Trump, Lula afirmou que a postura do Brasil em defesa da soberania “assusta pessoas que acham que mandam no mundo”.
PT reafirma apoio a Lula e define diretrizes
O novo presidente do PT, Edinho Silva, defendeu o legado de Lula e disse que caberá ao partido se preparar para quando o ex-presidente deixar de disputar eleições. “Essas cenas, após 2026, até por direito ao descanso e para viver sua vida pessoal, não vamos mais ter”, declarou. O evento contou com a presença de diversos ministros petistas e figuras históricas da legenda. José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, foi saudado por Lula e participará da nova composição do diretório nacional. Dirceu articula uma candidatura à Câmara dos Deputados em 2026.
A atual ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também foi aplaudida e defendeu a soberania brasileira, criticando suposta interferência estrangeira, atribuída à família do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Sem anistia para uma gente traidora”, afirmou, em referência aos atos de 8 de janeiro. Ela ainda agradeceu nominalmente ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.