A empresa L.A. Serviços Médicos Ltda, pertencente à médica Letícia Bortolini condenada pela morte do verdureiro Francisco das Chagas Oliveira Silva em 2018 e ao esposo dela, o urologista Aritony de Alencar Menezes, está entre as investigadas pela Operação Fio de Aço, deflagrada pela Polícia Civil de Mato Grosso na última terça-feira (4). A ação apura um esquema de superfaturamento e simulação de concorrência em contratações de procedimentos médicos pagos com recursos públicos.
De acordo com as investigações, o grupo criminoso atuava a partir de pacientes atendidos pela Defensoria Pública em cidades do interior, como Alta Floresta, Tangará da Serra e Guarantã do Norte. Quando a Justiça determinava a realização de procedimentos custeados pelo Estado, os envolvidos apresentavam orçamentos falsos de diferentes empresas para simular uma licitação.
Entre as empresas envolvidas estavam L.A. Serviços Médicos, Contactmed, Rondelo, Uromed e outras. A Polícia Civil descobriu que todas eram controladas por um mesmo núcleo, supostamente comandado por Anderson Leôncio de Oliveira Araújo, dono da Contactmed que quase sempre acabava como a beneficiária dos pagamentos.
Superfaturamento milionário
Em um dos casos, um procedimento que custaria R$ 16 mil em um hospital público foi orçado pelas empresas do grupo por valores acima de R$ 144 mil, configurando um superfaturamento de até 800%.
A apuração também apontou que diversas empresas não possuíam sede física nos endereços declarados, o que indica que se tratavam de empresas de fachada. Além disso, várias delas compartilhavam o mesmo escritório de contabilidade, reforçando os indícios de ligação entre os sócios.
Na L.A. Serviços Médicos Ltda, consta que Letícia Bortolini entrou como sócia administradora em maio de 2017, e seu marido, Aritony de Alencar Menezes, passou a integrar a sociedade em agosto de 2023. Aritony foi um dos principais alvos da operação.
CRM acompanha o caso
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) informou que já solicitou informações à Polícia Civil sobre os profissionais investigados. Conforme o órgão, os dados vão subsidiar a abertura de sindicâncias ou processos ético-disciplinares, caso sejam confirmadas as irregularidades.
A Operação Fio de Aço foi coordenada pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) e deve continuar com novas diligências para identificar todos os envolvidos e o volume total de recursos desviados do Estado.
Leia a nota na íntegra:
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso informa que solicitou à Polícia Civil, nesta terça-feira (05.11), informações a respeito das investigações relacionadas à Operação Fio de Aço, que apura um suposto esquema criminoso criado para direcionar contratações e aquisições de equipamentos médicos custeados com recursos públicos.
O ofício encaminhado visa esclarecer a existência ou não de médicos entre os investigados e quais os documentos que embasam a investigação. Tais informações são necessárias para que haja a instauração de uma sindicância e, se for o caso, abertura de um Processo Ético-Disciplinar.


