O projeto de retaludamento no trecho conhecido como Portão do Inferno, na MT-251, em Chapada dos Guimarães (a 65 km de Cuiabá), está sendo revisado após as obras no local serem suspensas. A medida inicial, que previa o corte e escavação do paredão rochoso para conter desmoronamentos, enfrenta agora questionamentos técnicos e ambientais.
A intervenção previa a retirada de aproximadamente 180 mil metros cúbicos de rocha, mas estudos emergenciais realizados já no início das obras apontaram inconsistências geológicas que colocam em dúvida a viabilidade do plano, especialmente diante do uso de maquinário pesado.
“Foi feita uma sondagem do topo do morro para baixo, o que nos levou a revisar o projeto inicial para avaliar se ele realmente pode ser executado”, afirmou o governador Mauro Mendes (União). Ele reconheceu que os estudos preliminares foram insuficientes para mapear todas as características geológicas do local.
Especialistas já alertavam para riscos
A suspensão das obras reforça os alertas feitos por especialistas desde a divulgação do plano. O geólogo e pesquisador Caiubi Kuhn, que integra uma equipe multidisciplinar responsável por estudos técnicos na área, destacou em entrevista nesta quarta-feira (25) que a ausência de sondagens adequadas já comprometia a segurança do projeto desde o início.
“O estudo técnico mostrava grandes incertezas geológicas, além da falta de infraestrutura básica, como vias de acesso até o topo para retirada do material escavado”, disse Kuhn. Para ele, soluções menos agressivas ao meio ambiente e mais seguras, como a construção de um viaduto ou túnel, devem ser consideradas.
“O ideal seria que o governo abandonasse de vez o projeto de retaludamento e optasse por alternativas que ofereçam menor impacto ambiental e maior segurança para a população que depende da via”, completou.
Estrada é rota turística e vital para a região
A MT-251 é uma das principais rodovias turísticas de Mato Grosso, ligando a capital Cuiabá ao município de Chapada dos Guimarães, um dos destinos mais visitados do estado. Desde o fim de 2023, o trecho do Portão do Inferno tem sofrido com deslizamentos de terra, levando à implementação do sistema “pare e siga” para garantir a segurança dos motoristas.
Comerciantes e moradores de Chapada dos Guimarães realizaram recentemente protestos na rodovia, cobrando transparência do governo e celeridade na definição de uma solução definitiva para o problema.