A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na quinta-feira (6), uma nova fase da Operação Office Crimes a Outra Face, que investiga o assassinato do advogado Renato Gomes Nery. Seis mandados de prisão foram cumpridos pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá. Entre os presos, estão: o cabo Wailson Alesandro Medeiros Ramos, que era lotado na Casa Militar até ontem; o soldado Wekcerlley Benevides de Oliveira e os terceiros sargentos Leandro Cardoso e Heron Teixeira Pena Vieira, esse último segue foragido.
Também foi preso o militar Jorge Rodrigo Martins, além do caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva. Dos alvos, apenas o sargento Heron não foi detido, mas deve se apresentar nas próximas horas com o advogado dele. Os mandados de prisão temporária dos quatro miitares foram cumpridos em várias regiões de Cuiabá. Também houve cumprimento de mandados de busca e apreensão no Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam).
As buscas foram cumpridas em uma chácara de uso dos investigados situada no bairro Capão Grande, em Várzea Grande, onde segundo reportagem exibida pelo programa do Pop, nesta sexta-feira (7), há no local uma placa da Polícia Militar. Outros mandados foram cumpridos no Batalhão de Ronda Ostensiva Tático Metropolitana, no bairro Dom Aquino, em Cuiabá.
As ordens judiciais foram decretadas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá (Nipo), no decorrer das investigações conduzidas pela DHPP.
ELO DE LIGAÇÃO
O laudo pericial da Polícia Civil apontou que as munições usadas na arma que matou o advogado Renato Nery foram compradas pela Polícia Militar de Mato Grosso. A arma utilizada no crime foi apreendida durante a operação.Segundo a perícia, foi possível identificar que as munições foram adquiridas pelo Estado a partir do número de série dos projéteis. Além disso, foi confirmado que as balas pertenciam aos lotes que foram destinados a Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam).
De acordo com a polícia, a arma não tem registro, no entanto, a perícia constatou que a munição foi disparada por ela. A arma foi encontrada no carro de investigados no crime, no local onde ocorreu um suposto confronto com a PM.
Conforme informações apuradas pelo , em 12 de julho de 2024 uma equipe de Rotam, durante patrulhamento, recebeu informação sobre a ocorrência de roubo de um veículo VW Gol placa QZO8f59 de cor branca próximo ao Shopping Pantanal. Segundo a
vítima, 3 indivíduos armados o abordaram e renderam.
Os policiais obtiveram a informação que o veículo roubado trafegava pela avenida Dante Martins de Oliveira e teria colidido com uma motocicleta. Em seguida, os ocupantes seguiram sentido ao bairro Planalto.
Durante patrulhamento pela avenida Contorno Leste, a equipe da Rotam se deparou com o carro com 3 ocupantes, que fugiram ao perceberem a viatura. Durante a perseguição, houve troca de tiros entre os ocupantes do veículo e os policiais, sendo dois criminosos baleados. O terceiro conseguiu fugir.
Os policiais constataram que o primeiro assaltante alvejado portava uma pistola marca jerichó, nº f08664. A arma foi retirada do homem, pois este ainda se encontrava com sinais vitais, assim como o segundo indivíduo, que também portava uma pistola marca glock nº vpl521.
Um deles morreu. O outro, um adolescente, foi encaminhado ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). Consta no documento que as armas utilizadas pelos suspeitos foram recolhidas pelo delegado da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e que os integrantes da equipe envolvida no confronto eram Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos e Wekcerlley Benevides De Oliveira. Todos presos por suposto envolvimento na morte do advogado Roberto Nery.
Em nota, a PM confirmou o envolvido dos servidores e a prisão de 4 deles. "A PMMT informa ainda que a Corregedoria-Geral acompanha os fatos. A corporação reforça que não coaduna com nenhum tipo de crime, seja dentro da corporação ou fora dela", diz a nota.
O terceiro sargento da Polícia Militar, Heron Teixeira Pena Vieira, é considerado foragido. Ele saiu de casa de madrugada desta quinta-feira (6), horas antes da operação ser deflagrada e avisou a família que “estava indo pescar”. Ele segue foragido.
O homicídio
Renato Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo no dia 5 de julho do ano passado, na frente de seu escritório, na Capital. O advogado foi socorrido e submetido a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas foi a óbito horas após o procedimento médico.
Desde a ocorrência do homicídio, a DHPP realizou inúmeras diligências investigativas, com levantamentos técnicos e periciais, a fim de esclarecer a execução do profissional. As investigações da DHPP apontam a disputa de terra como a motivação para o homicídio de Renato Nery.