Os líderes do Grupo dos Sete chegaram a um acordo para emprestar dinheiro à Ucrânia, apoiado pelos lucros dos investimentos russos congelados, confirmou um alto funcionário do governo dos EUA nesta quinta-feira (13).
“Houve um reconhecimento partilhado aqui na Púglia por todos os membros do G7 de que a situação no campo de batalha continua difícil, e que se a guerra continuar, a Ucrânia ainda terá uma grande necessidade financeira no próximo ano e nos anos seguintes, e que esta cúpula é a nossa melhor oportunidade de agir coletivamente para preencher a lacuna”, disse o alto funcionário.
O responsável acrescentou que “é justo preenchermos a lacuna, obrigando a Rússia a pagar, e não os nossos contribuintes, e encontramos uma forma de o fazer que respeite o Estado de direito em todas as jurisdições”.
Os líderes emitirão em breve um comunicado conjunto, produto de “anos” de negociações complicadas por uma colcha de retalhos de leis jurisdicionais que exigiram o envolvimento direto do Presidente Joe Biden e do conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, entre outros altos funcionários dos EUA.
“Quando há um compromisso aos mais altos níveis políticos, os tecnocratas agem e os detalhes técnicos são resolvidos”, disse o responsável.
O empréstimo será retirado de fundos congelados pelos líderes ocidentais na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Embora apenas US$ 3 bilhões em fundos congelados estejam localizados em bancos dos EUA, uma parcela muito maior, totalizando centenas de bilhões de dólares, está localizada em bancos na Europa.
Os negociadores concentraram-se num montante de empréstimo de cerca de US$ 50 bilhões.
Levará algum tempo até que a Ucrânia comece a receber este dinheiro, mas o responsável disse que o esforço “avançaria com urgência” e o compromisso continua a ser “de estar pronto para desembolsar US$50 bilhões ainda neste ano”.
Se o empréstimo for desembolsado até ao final de 2024, garantiria que o dinheiro chegasse à Ucrânia antes de uma potencial mudança de presidente dos EUA. Biden enfrenta o ex-presidente Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro e Trump recusou-se a comprometer-se a enviar financiamento adicional à Ucrânia.
Nos Estados Unidos, que continuam a ser um aliado crucial da Ucrânia, sabe-se que as promessas de financiamento para sistemas de defesa e armamento militar são difíceis de cumprir. No início deste ano, o Congresso liderado pelos republicanos atrasou o financiamento militar extremamente necessário para o país devastado pela guerra, depois de Trump se ter manifestado contra um acordo. Esse atraso trouxe consigo consequências reais para as capacidades de defesa da Ucrânia.
Embora o Senado acabasse por aprovar um pacote de ajuda de US$ 95 bilhões que incluía financiamento para a Ucrânia, Israel e Taiwan, as autoridades ucranianas disseram que a ajuda chegou tarde demais para as tropas.
O acordo alcançado na Itália nesta quinta-feira (13) libertaria cofres de fundos na Europa que não seriam prejudicados por novas disputas políticas nos Estados Unidos.
“Os próximos passos são consagrar os compromissos do comunicado com os 27 da UE, os membros de pleno direito. Depois, precisamos redigir contratos entre os credores… o destinatário, que é a Ucrânia, e os intermediários”, disse o responsável.
A partir daí, haverá um acordo sobre um cronograma de desembolso.
Caso seja alcançado um acordo de paz e a guerra termine, existe também um plano em vigor: “Os líderes do G7 comprometeram-se a que os bens permanecerão imobilizados até que a Rússia pague pelos danos causados. Portanto, se houver um acordo de paz, ou os ativos permanecem imobilizados e continuam a gerar juros para pagar os empréstimos, ou a Rússia paga pelos danos que causou. De qualquer forma, há uma fonte de reembolso”.