A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou nesta sexta-feira (27) a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, Gaza Humanitarian Foundation) de ser um “sistema fictício de distribuição de alimentos que produz massacres em série” no território palestino e pediu seu desmonte. O sistema de distribuição de alimentos, apoiado pelos Estados Unidos e Israel, “parece ter sido criado para humilhar os palestinos” em Gaza, condenou a MSF, denunciando que “mais de 500 pessoas foram mortas e quase 4.000 ficaram feridas enquanto buscavam alimentos nesses locais de distribuição”.
Equipes da MSF recebem todos os dias pessoas mortas ou feridas enquanto buscavam alimentos em um dos pontos de distribuição. Também notaram um aumento acentuado nos ferimentos a bala. Devido às restrições impostas por Israel à imprensa em Gaza e às dificuldades de acesso à zona de guerra, a AFP não consegue verificar de forma independente os relatos das organizações no local. A fundação, que recorre a contratistas armados para garantir a segurança em seus centros, nega qualquer incidente durante as distribuições.
A operação é “uma simulação de distribuição de alimentos que produz massacres em série e deve ser interrompida imediatamente”, denunciou a MSF. A ONG observou que a GHF força os palestinos “a escolher entre morrer de fome ou arriscar suas vidas para obter uma quantidade irrisória de alimentos”. Israel impôs um bloqueio humanitário ao território palestino no início de março, levando a uma grave escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos.
O bloqueio foi parcialmente suspenso no final de maio, quando a GHF começou a distribuir ajuda. “Os quatro centros de distribuição, localizados em áreas totalmente controladas pelas forças israelenses após o deslocamento forçado de seus habitantes, têm o tamanho de campos de futebol e são cercados por postos de observação, barreiras de terra e arame farpado. Sua entrada cercada permite apenas um ponto de acesso”, explica Aitor Zabalgogeaskoa, coordenador de emergências da MSF em Gaza.
“Se as pessoas chegam muito cedo e se aproximam dos postos de controle, são baleadas. Se chegam na hora, mas há muita gente e pulam as barreiras e o arame farpado, são baleadas”, e “se chegam atrasadas, não deveriam estar lá porque é uma ‘área evacuada’, e são baleadas”, diz. A ONU e ONGs humanitárias criticam duramente a GHF e se recusam a trabalhar com a fundação, devido a preocupações com seus procedimentos e neutralidade.