Lumar Costa da Silva, de 34 anos, autor de um dos crimes mais chocantes registrados em Mato Grosso, recebeu alta médica e deixará o Centro Integrado de Atenção Psicossocial Adauto Botelho (CIAPS), em Cuiabá. Ele estava internado desde 2019, após matar e arrancar o coração da própria tia, Maria Zélia da Silva, de 55 anos, em Sorriso (MT), e entregar o órgão à filha da vítima.
A decisão, assinada pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto na quarta-feira (18), autoriza Lumar a cumprir medidas de segurança fora do regime de internação, com acompanhamento ambulatorial intensivo. Ele será monitorado pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município de Campinápolis, interior de São Paulo.
Segundo laudos médicos apresentados no processo, Lumar apresenta "estabilidade clínica", o que permitiu a substituição da internação por tratamento fora do hospital, desde que siga rigorosamente as restrições impostas pela Justiça. O período de acompanhamento será por tempo indeterminado.
Medidas restritivas
A decisão judicial impõe uma série de condições para que Lumar permaneça em liberdade assistida:
Participação obrigatória em tratamento psiquiátrico intensivo no CAPS de Campinápolis;
Supervisão por equipe multiprofissional e responsável legal;
Proibição de se ausentar da cidade sem autorização judicial;
Proibição de frequentar locais como casas de prostituição, jogos ou ambientes semelhantes;
Proibição do uso de bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes.
Absolvido por inimputabilidade
Lumar foi absolvido em junho de 2022, após a Justiça reconhecer que ele não tinha capacidade de compreender o caráter ilícito do ato no momento do crime. Na época, foi determinada sua internação por tempo indeterminado, diante da periculosidade avaliada por especialistas.
O crime
O assassinato aconteceu em julho de 2019. Lumar havia se mudado para Mato Grosso apenas quatro dias antes do crime, após tentar matar a própria mãe em Campinas (SP). Em Sorriso, passou a morar com a tia, que era evangélica e ficou incomodada com o uso de drogas por parte do sobrinho. A família chegou a alugá-lo uma quitinete, onde ele passou a viver sozinho.
No dia do crime, Lumar esfaqueou e matou Maria Zélia, retirou o coração da vítima e o levou até a filha dela. Durante o depoimento à polícia, ele afirmou que ouvia "vozes do universo" e declarou não se arrepender do que fez. “Matei e não me arrependo. O universo falou comigo e disse: mata ela logo”, disse na ocasião.
O então delegado do caso, André Ribeiro, classificou o crime como “repugnante” e afirmou que Lumar demonstrava perturbação mental evidente. Desde então, ele cumpria medida de segurança em unidade psiquiátrica.
Com a nova decisão, ele deixa a internação, mas segue submetido a rigoroso controle judicial e médico.