A Justiça absolveu o espólio do delegado João Bosco de Barros e cinco investigadores da Polícia Civil em uma ação civil pública decorrente da Operação Abadom.
Foram absolvidos os investigadores Glaucia Cristina Moura Alt, viúva do delegado, Cláudio Roberto da Costa, Márcio Severo Arrial, Leonel Constantino de Arruda e George Fontoura Filgueiras.
A decisão é da juíza Laura Dorilêo Cândido, do Núcleo de Atuação Estratégica (NAE), publicada nesta quinta-feira (28). O Ministério Público pedia a condenação de todos por improbidade administrativa e ressarcimento ao erário.
A Operação Abadom foi deflagrada em junho de 2013, quando o delegado e a esposa investigadora foram presos, acusados de dar proteção a uma quadrilha de tráfico de drogas comandada por Marco Antonio da Silva, o “Nenem”, em troca de vantagens financeiras.
O delegado João Bosco morreu em maio de 2024.
Em setembro do ano passado, os investigados foram condenados em ação penal pelos crimes de associação para o tráfico, corrupção passiva e concurso material. Em maio deste ano, porém, a Justiça anulou a condenação de Glaucia ao reconhecer a prescrição da pena.
Na ação por improbidade, a juíza entendeu não haver provas robustas e suficientes sobre o recebimento de vantagem patrimonial, nem indícios de enriquecimento ilícito que justificassem a condenação com base no artigo 9º da Lei de Improbidade Administrativa.
“À luz do ônus probatório do autor e da natureza sancionatória, a dúvida razoável resolve-se em favor dos requeridos, impondo-se a improcedência, dada a manifesta insuficiência de provas a permitir a condenação pela subsunção ao art. 9º da LIA e em razão da manifesta atipicidade da subsunção ao art. 11, caput e incisos I e II”, escreveu.
A operação
A operação desarticulou uma quadrilha acusada de comprar drogas na região da fronteira de Mato Grosso com a Bolívia para vender a outros traficantes na Grande Cuiabá.
As investigações iniciaram com a prisão em flagrante de uma pessoa, na Rodoviária de Várzea Grande, com entorpecentes
Na época, a delegada Alana Cardoso, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Capital (DRE), afirmou que os policiais não eram alvos das investigações, e que a descoberta da participação deles foi um “incidente”.
De acordo com Alana Cardoso, durante as investigações contra a quadrilha, foi descoberto que os policiais liberaram os suspeitos e drogas apreendidas em duas oportunidades.
“Eles se tornaram parte do grupo, uma vez que asseguraram proteção e, também, dificultaram a investigação por parte da Delegacia de Repressão a Entorpecentes. Eles acabaram recebendo vantagem indevida”, declarou a delegada.