O governo de Israel anunciou nesta quinta-feira (29) a criação de 22 novos assentamentos no território da Cisjordânia, uma decisão que provocou reações distintas entre as partes envolvidas no conflito israelo-palestino. Representantes da ala mais ideológica do governo israelense celebraram a medida como um passo importante para a consolidação de sua presença na região. Em contrapartida, a Autoridade Palestina expressou profundo descontentamento, classificando a ação como um perigoso escalonamento do conflito. A decisão marca o maior avanço na região em três décadas, com alguns dos assentamentos já existentes sendo agora oficializados pelo governo israelense.
Os ministros israelenses da Defesa, Israel Katz, e das Finanças, Bezalel Smotrich, justificaram a medida afirmando que a terra é uma herança dos antepassados israelenses e que têm direito sobre ela. Além disso, argumentam que a medida visa prevenir o estabelecimento de um estado palestino, considerado perigoso para a existência de Israel.”Tomamos uma decisão histórica para o desenvolvimento dos assentamentos: 22 novas localidades na Judeia-Samaria”, afirmou o ministro das Finanças, o político de extrema direita Bezalel Smotrich, utilizando a designação israelense para o território palestino ocupado desde 1967.
A ONG israelense Paz Agora, que busca mediar o conflito entre Israel e Palestina, destacou que este é o maior avanço desde os Acordos de Oslo, em 1993, quando os Estados Unidos tentaram, sem sucesso, mediar um processo de paz. A Autoridade Palestina, por sua vez, vê a ação como uma violação dos acordos internacionais e um obstáculo significativo para a paz.
A decisão de Israel ocorre em um momento de crescente tensão na região, especialmente devido à situação em Gaza. A comunidade internacional está considerando a imposição de sanções e a suspensão de acordos comerciais, o que poderia impactar economicamente o governo israelense. Atualmente, cerca de 700 mil judeus israelenses vivem na Cisjordânia, em meio a uma população de 3 milhões de palestinos. A situação é extremamente delicada e adiciona mais tensão a um cenário já conturbado. A ONU, que propôs na década de 1940 um modelo em que a Cisjordânia e a Faixa de Gaza fariam parte de um futuro estado palestino, vê a decisão de Israel como um desafio à paz na região.