A prática de exercícios físicos oferece diversos benefícios para a saúde, como a redução do estresse, melhora do metabolismo, diminuição do risco de diversas doenças, entre outros. Agora, um novo estudo feito por pesquisadores da Amsterdam UMC sugere um novo benefício da atividade física: reverter o processo de envelhecimento.
Os pesquisadores descobriram que um tipo de gordura se acumula em diversos tecidos do corpo conforme envelhecemos, mas esse acúmulo pode ser revertido através do exercício físico. As descobertas foram publicadas no último dia 12 na revista científica Nature Aging.
“A ideia de que poderíamos reverter o envelhecimento é algo que há muito é considerado ficção científica, mas essas descobertas nos permitem entender muito mais sobre o processo de envelhecimento”, diz Riekelt Houtkooper, professor do laboratório de Doenças Genéticas Metabólicas da Amsterdam UMC, em comunicado.
“Ao compreender mais sobre o processo de envelhecimento, também podemos procurar novas formas de intervir”, completa Georges Janssens, primeiro autor do artigo e professor assistente na Amsterdam UMC.
Os pesquisadores explicam que, nos últimos anos, estudos laboratoriais demonstraram que é possível combater doenças relacionadas à idade, intervindo em processos fundamentais que levam ao envelhecimento. No entanto, ainda há muitos mecanismos relacionados ao envelhecimento a serem descobertos.
Diante disso, a equipe investigou como a composição de lipídeos (gorduras) muda em ratos ao longo dos anos. Eles analisaram dez tecidos diferentes, incluindo músculos, rins, fígado e coração.
Os pesquisadores observaram que um tipo de lipídio, chamado bis(monoacilglicero)fosfato (ou BMPs), estava elevado em todos os tecidos dos roedores mais velhos, o que sugere um acúmulo dessa gordura durante o envelhecimento.
Portanto, eles decidiram investigar se isso também acontece em humanos. Apesar de não ter sido possível obter tantos tecidos diferentes, o acúmulo de BMP também foi visível nas biópsias musculares de idosos.
Por fim, os pesquisadores realizaram mais biopsias musculares em pessoas antes e depois de uma intervenção que consistiu em uma hora de exercício por dia. Segundo a pesquisa, foi possível notar uma diminuição do nível de BMP nos participantes que eram fisicamente ativos.
“Esses resultados são um novo passo importante para a nossa compreensão do processo de envelhecimento, mas certamente não são a resposta final. Planejamos realizar estudos de acompanhamento para entender melhor como as BMPs contribuem para o envelhecimento, quais são as consequências do acúmulo de BMP no processo de envelhecimento, e se isso só pode ser influenciado pelo exercício ou são outras formas de afetar os níveis de BMPs”, conclui Houtkooper.