A Justiça acolheu pedido da Polícia Civil e determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de todos os investigados por envolvimento no homicídio do advogado Renato Nery. A decisão é de quarta-feira (14), do Nipo (Núcleo de Inquéritos Policiais).
A medida vai afetar tanto os suspeitos que já estão presos quanto outros investigados e até novos alvos.
Até o momento, a DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) prendeu e indiciou o policial militar ex-Rotam Heron Teixeira Pena Vieira, que confessou o crime, e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, suspeito de ser o autor dos disparos.
Também foram detidos na última sexta-feira (9), por suspeita de serem os mandantes do crime, o casal de empresários de Primavera do Leste, Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi. César manteve silêncio na oitiva e Julinere ainda não prestou depoimento.
Já tinham sido presos em 17 de abril o suposto intermediador do homicídio, o PM Jackson Pereira Barbosa, em Primavera do Leste, e o PM da inteligência da Rotam, Ícaro Nathan Santos Ferreira, que é suspeito de ter dado a arma do crime.
A confissão
Na semana passada, Heron Vieira confessou na DHPP que recebeu R$ 150 mil pelo crime. O acordo inicial, segundo ele, era de R$ 200 mil.
Na confissão, Heron ainda afirmou que os mandantes teriam sido o casal de empresários, além de apontar que contratou o caseiro Alex Roberto para executar Nery.
Conforme revelado na investigação, o valor combinado não teria sido pago na totalidade, o que gerou uma série de extorsões contra o casal, mas sem sucesso, pelo silêncio dos envolvidos.
Heron ainda informou que os R$ 150 mil foram dividos somente entre ele e o caseiro.
O policial também confirmou a participação, como intermediador do homicídio, do PM Jackson Barbosa, que é vizinho de condomínio de Julinere e César.
Ocultação da arma
No dia 30 de abril, os PMs da Rotam Leandro Cardoso, Wailson Ramos, Wekcerlley de Oliveira e Jorge Martins, que estavam presos desde 6 de março, foram indiciados por forjar um confronto para plantar a arma do homicídio de Nery com terceiros.
Conforme a Polícia Civil, eles foram acusados de homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.
Segundo a investigação, o crime ocorreu no dia 12 de julho, sete dias após o assassinato do advogado, no Contorno Leste, em Cuiabá, que resultou na morte de um homem e feriu outros dois.
O homicídio
Ex-presidente da OAB-MT, Renato Nery foi atingido por um disparo na cabeça no dia 5 de julho de 2024, quando chegava em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá.
Socorrido com vida, ele foi levado às pressas para o Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, onde passou por cirurgias, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.