O capitão da Polícia Militar Cirano Ribas de Paula Rodrigues, de 40 anos, foi colocado em liberdade provisória na sexta-feira (20), após audiência de custódia realizada em Brasnorte, a 580 km de Cuiabá. Ele havia sido preso dois dias antes, suspeito de agredir fisicamente e proferir ofensas racistas contra um soldado da corporação durante uma discussão.
A decisão que autorizou a soltura foi assinada pelo juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra. Segundo o magistrado, apesar da gravidade dos fatos, não há elementos suficientes, até o momento, para justificar a prisão preventiva. Ele destacou que medidas cautelares são adequadas para garantir o andamento do processo sem comprometer a ordem pública.
Restrições impostas ao capitão
Cirano responderá em liberdade, mas deverá cumprir uma série de restrições judiciais:
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Manter o endereço e telefone atualizados junto ao Judiciário;
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Comparecer a todos os atos do processo quando intimado;
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Manter distância mínima de 300 metros das vítimas;
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Não manter qualquer tipo de contato com as vítimas, seja pessoalmente, por telefone ou redes sociais.
A defesa do oficial ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.
Relembre o caso
A prisão do capitão ocorreu na última quarta-feira (18), após ele se envolver em uma confusão com colegas de farda em Brasnorte. Durante o desentendimento, Cirano aplicou um "mata-leão" em um soldado e, segundo o relato da vítima à polícia, fez declarações de cunho racista.
Conforme o depoimento, o oficial afirmou que o soldado “não serviria nem para ser policial por ser negro”, chamou-o de “cachorro” e disse que “preto e cachorro sentam no chão”. A vítima tentou gravar as ofensas com o celular, mas foi agredida ao ser flagrada pelo capitão.
O irmão da vítima, que também é policial militar, foi chamado para intervir. No entanto, ao chegar ao local, também teria sido alvo de ameaças e ofensas por parte de Cirano, que tentou levá-los para uma área sem câmeras de segurança, conforme consta no boletim de ocorrência.
Providências administrativas
Após o episódio, a Polícia Militar de Mato Grosso informou, por meio de nota, que exonerou Cirano do cargo de comandante do 1º Batalhão da PM de Brasnorte e instaurou um procedimento administrativo para apurar sua conduta.
Cirano responderá criminalmente por injúria racial e poderá ser enquadrado por “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia ou religião”. A investigação segue sob responsabilidade da Polícia Civil.