A cabeleireira Laura Kellys Bezerra da Cruz foi presa nesta terça-feira (19), na DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos) de Cuiabá, como suspeita no caso da entrega de um envelope contendo R$ 10 mil em nome do presidente do Tribunal de Justiça, José Zuquim Nogueira, ocorrido no último dia 12.
Conforme a Polícia Civil, Laura Kellys, que é de Primavera do Leste (242 km ao leste da Capital), se apresentou na delegacia, onde prestou depoimento e teve o mandado de prisão cumprido. Ela aguarda audiência de custódia.
Laura Kellys é ex-esposa do policial militar Jackson Pereira Barbosa, que está preso desde abril deste ano, por envolvimento no homicídio do advogado Renato Nery, ocorrido em julho de 2024. Segundo a Polícia, ele teria intermediado o crime, sendo o elo entre os mandantes e os executores.
Imagens das câmeras de segurança do Fórum de Cuiabá mostram quando a cabeleireira passou pela inspeção ao lado do sargento da Rotam (Rondas Ostensivas Tático-Móvel) Eduardo Soares de Moraes, que foi preso no dia 14, acusado de falsidade ideológica e associação criminosa no âmbito da investigação do caso.
Quando foi detido, o militar negou qualquer envolvimento, e afirmou que teria somente acompanhado Laura Kellys em um encontro com um advogado para entrega de um dinheiro, a pedido de Jackson, que é seu colega, e está detido no batalhão da Rotam.
O passo a passo da entrega
O motorista foi contratado para uma corrida na terça-feira (12) e, ao chegar ao local, foi informado de que deveria pegar um pacote com uma pessoa chamada Eduardo, que seria o sargento.
Os prints mostram um intenso diálogo entre o motorista e o contratante. Às 18h19, o motorista manda mensagem para o falso desembargador. “Estou aqui. Com quem tenho que falar?”. Em seguida, o homem que se passa por Zuquim responde: “Eduardo. Está no estacionamento”.
O motorista, então, segue até o estacionamento do Fórum e encontra o sargento em um veículo Toyota Corolla de cor prata. Acompanhado de Laura Kellys, o policial entrega o pacote ao motorista.
A conversa prossegue minutos depois. Às 18h27, o motorista diz ao falso desembargador: "Estou com a encomenda. Estou a caminho. Com quem devo deixar?”. Em seguida, a pessoa que se passa por Zuquim manda que ele envie mensagem a um número, pois a localização da entrega estava errada.
“Fala para a pessoa sair. Não posso passar meu contato por motivo de segurança”, explica o motorista.
O motorista prestou depoimento à Polícia sobre o caso. “Que o declarante não entrou em contato com o referido número e, suspeitando do conteúdo do envelope, acionou a segurança do TJ-MT e na presença do policial militar abriu o envelope, constatando se tratar em dinheiro em espécie”.