Notícias

Qui - 27 de Novembro de 2025
113.png

Notícias Quinta-feira, 27 de Novembro de 2025, 10:51 - A | A

Quinta-feira, 27 de Novembro de 2025, 10h:51 - A | A

VARIEDADES

Pacientes com câncer colorretal são diagnosticados em estágio avançado

Demora no diagnóstico reduz de forma acentuada possibilidade de cura

AGENCIA BRASIL

Lançado nesta quinta-feira (27), quando se comemora o Dia Nacional de Combate ao Câncer, o estudo Câncer colorretal no Brasil – O desafio invisível do diagnóstico, da Fundação do Câncer revela que, dos 177 mil casos da doença registrados em hospitais públicos e privados do país, no período de 2013 a 2022, mais de 60% foram diagnosticados em estágios avançados da doença.

Os dados mostram que o avanço da doença e a demora no diagnóstico, reduz de forma acentuada a possibilidade de cura.

Em entrevista à Agência Brasil, o diretor-executivo da Fundação do Câncer, cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni, chama a atenção o volume de casos de câncer colorretal (CCR) que chegam no sistema em estágio avançado”, confirmou em entrevista à Agência Brasil o diretor-executivo da Fundação do Câncer, cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni.

“Se analisarmos o país como um todo, os dados mostram que 50% das pessoas chegam no estágio já metastático, estágio 4, e mais 25% no estágio 3.  Somando os estágios, são mais de 70%, o que é uma catástrofe.”
Os dados reforçam a importância do diagnóstico precoce. Maltoni indicou que, uma vez identificado qualquer tipo de sintoma, por mais leve que seja. a pessoa deve procurar um serviço de saúde para investigar e ver o que existe, ou mesmo fazer o rastreamento com um profissional.

“Aquela intervenção feita pelo Estado para chamar a população alvo para que faça exames, para que a gente possa detectar o mais precocemente possível, é fundamental. Porque não só um tumor, mas são as lesões precursoras que podem desenvolver o câncer. Isso é fundamental, é isso que vai mudar essa história”.
No Brasil, como ocorre também em outros países, o primeiro exame para detecção prrecoce do CCR é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, menos custosa. Quando essa pesquisa de sangue oculto se mostra positiva, alterada, aí sim é indicado prosseguir na investigação por meio do exame de colonoscopia.

Atualmente, isso é feito para pessoas acima de 50 anos. Maltoni disse, entretanto, que a análise de dados sinaliza que o pico de faixa etária de pessoas com câncer colorretal é exatamente entre os 50 e 60 anos.

“Se a gente começar a fazer rastreamento só com 50 anos, corre o risco de chegar tarde. É procurar antecipar.  A maneira de a gente fazer isso é, obviamente, baixar um pouco a faixa etária do chamado  para testes de rastreamento.”
AFundação do Câncer sugere antecipar a faixa etária para 45 anos ou 40 anos, eventualmente, para que se possa identificar as lesões precursoras bem iniciais, e poder tratar até mesmo antes de um adenoma, por exemplo, e um pólipo do intestino se transformar em um carcinoma do intestino. 

Outra medida importante que o estudo mostra é a prevenção primária, quer dizer, hábito de vida. Isso significa evitar excesso de peso. De acordo com o boletim, há uma correlação direta entre o volume de câncer colorretal e de pessoas obesas. Nas regiões do país onde tem uma taxa de obesidade maior, há também uma maior taxa de câncer colorretal, assim como o tabagismo tem correlação direta com a doença.

“São aquelas medidas que a gente vive falando, de evitar sobrepeso, evitar falta de atividade física, excesso de bebida alcoólica, não fumar. Isso é fundamental, porque a gente sabe que isso ajuda a reduzir casos novos de câncer. No caso do câncer colorretal, isso é uma verdade”, afirmou o diretor-executivo.
No estudo feito com os 177 mil casos da doença, coletados nos registros hospitalares de câncer, verificou-se que o de cólon e de reto é mais comum em brancos (34,6%), seguidos de negros (30,9%).

As regiões Sudeste e Sul concentram o maior volume de equipamentos hospitalares de diagnóstico e tratamento, bem como de casos de CCR. Por outro lado, segundo o médico, quando se analisa o deslocamento da população no Brasil, nota-se que a Região Centro-Oeste é o local onde ele é maior: perto de 18% dos pacientes desta região têm que sair para fazer o seu tratamento em outra localidade do país. Em segundo lugar, vem a Região Norte, com 6,5%.

Política permanente
A Fundação do Câncer estima aumento de 21% no número de casos entre 2030 e 2040, alcançando cerca de 71 mil casos novos e cerca de 40 mil óbitos.

Maltoni considera o volume "alarmante", embora seja realidade, considerando que a população está crescendo e, sobretudo, envelhecendo.

“Não temos uma estratégia bem estabelecida e firme para a prevenção e o diagnóstico precoce”. Segundo o médico, é preciso mudar esse cenário nos próximos 15 anos, trabalhar muito fortemente a questão da prevenção, da detecção precoce, do rastreamento.

Ministério da Saúde
Na avaliação do diretor-executivo da Fundação do Câncer, a mudança deve ser capitaneada pelo Ministério da Saúde. O sistema de saúde inglês, por exemplo, os pacientes recebem em casa um kit para colher amostra das fezes. Se o resusltado der alterado, a pessoa é chamada para fazer a colonoscopia.

“Precisamos dar esses passos. É óbvio que em um país das dimensões do Brasil, com as dificuldades regionais, com as diferenças, há dificuldades. Mas a gente sabe que é possível. Se tomar a decisão de fazer e quiser fazer, é possível fazer”.

Segundo Maltoni, isso só funciona com uma política de Estado. Quanto mais informação qualificada houver e maior for a possibilidade de colocar o tema em debate, isso ajuda a nortear essas políticas públicas porque, isoladamente, não é nenhuma campanha que conseguirá alcançar esse objetivo.

“Tem que ter uma política pública, uma política de estado permanente, que independa de quem esteja no governo, para que esses resultados aconteçam. A gente tem exemplo disso na política de controle do tabaco, que virou uma política de Estado que ao longo dos últimos 35 anos, 40 anos, tem sido colocada de maneira prioritária por qualquer governo que entre. Não tem outra maneira de fazer e isso vale para qualquer lugar do mundo.” 
Incidência
O estudo aponta para uma relação entre tabagismo e obesidade e incidência de câncer colorretal. As capitais Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba e Campo Grande, todas com proporção de fumantes superior a 12%, possuem altas taxas de incidência da doença, o que reforça a relevância do tabagismo como fator de risco para o CCR.

O mesmo ocorre em relação à obesidade e sua associação ao aumento da incidência do câncer colorretal. Capitais como Porto Alegre, Campo Grande, Rio de Janeiro e São Paulo, todas com prevalência de obesidade igual ou superior a 24%, estão entre aquelas com as maiores taxas de incidência do tumor. Daí a importância de políticas voltadas para alimentação saudável e atividade física.

O boletim da Fundação do Câncer revela também que quase metade dos casos registrados no país está concentrada na Região Sudeste (49,4%) e que 85,9% dos pacientes têm 50 anos ou mais, reforçando a importância de estratégias de rastreamento voltadas para faixas etárias menores.

Em relação à escolaridade, o boletim mostra que 47,7% dos pacientes possuem apenas o ensino fundamental e que a cirurgia segue sendo a principal forma de tratamento inicial, seja de maneira única ou associada a outras modalidades. 

O estudo completo pode ser acessado aqui

Comente esta notícia

institucional
facebook instagram tiktok whatsapp

Av. Archimedes Pereira Lima, 1200 - Jardim Itália, [email protected]

(65) 3612-0012