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Notícias Terça-feira, 23 de Julho de 2024, 15:29 - A | A

Terça-feira, 23 de Julho de 2024, 15h:29 - A | A

GLOBAL

Número de mortos em ofensiva de Israel em Gaza aumenta para 89, dizem autoridades

CNN

Forças israelenses afirmam que atingiram "infraestruturas terroristas"

Dezenas de palestinos foram mortos e milhares foram forçados a fugir depois que Israel lançou um novo ataque terrestre contra o que disse serem alvos do Hamas na cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.

O escritório de mídia do governo administrado pelo Hamas pontuou que 89 pessoas foram mortas e 263 ficaram feridas até agora, com quase 200 prédios bombardeados.

O doutor Mohammad Saqer, porta-voz do Complexo Médico Nasser em Khan Younis, afirmou à CNN nesta terça-feira que o hospital havia emitido atestados de óbito para 75 palestinos mortos desde a manhã de segunda-feira, a maioria deles mulheres e crianças.

Saqer ressaltou que o hospital estava lidando com mais de 200 feridos, dos quais dezenas estão em estado grave e crítico. Também ressaltou que o número de mortes deve aumentar.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram na segunda-feira (22) que estavam reduzindo o tamanho da chamada “zona humanitária”, ordenando que os palestinos desocupassem os bairros ao leste de Khan Younis devido à informação de que o Hamas havia se infiltrado na área.

A CNN testemunhou palestinos exaustos e furiosos fugindo da cidade, que já foi a segunda maior de Gaza. Ao saírem, eles expressaram raiva não apenas de Israel, mas do Hamas e até de outros Estados árabes.

 

O Escritório de Direitos Humanos da ONU (OHCHR) criticou a ordem de retirada nesta terça-feira (23), destacando que é “confusa”. Disse ainda que “não deu tempo para os civis saberem de quais áreas eles deveriam sair ou para onde deveriam ir”.

A incursão terrestre israelense em Khan Younis segue operações semelhantes em Shujayah, no norte, e partes do centro de Gaza, onde unidades militares reentraram em áreas para impedir que o Hamas restabelecesse sua presença.

Israel diz que atingiu “infraestrutura terrorista”
As Forças de Defesa de Israel destacaram nesta terça-feira que “aeronaves atingiram mais de 50 locais de infraestrutura terrorista, incluindo instalações de armazenamento de armas, postos de observação e estruturas usadas por terroristas do Hamas, bem como rotas de túneis subterrâneos na área”.

Além disso, pontuaram que as forças israelenses mataram “dezenas de terroristas em ataques aéreos direcionados e combate corpo a corpo” mais ao sul, em Rafah. A CNN não pôde verificar de forma independente as alegações das FDI.

Israel lançou sua ofensiva militar em 7 de outubro do ano passado, após o Hamas atacar o sul do país. Pelo menos 1.200 pessoas foram mortas e mais de 250 foram sequestradas, de acordo com autoridades israelenses.

Ataques de Israel em Gaza mataram 39.090 palestinos e feriram outros 90.147, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino. A CNN não pôde verificar de forma independente os números das autoridades de Gaza.

Redução na zona humanitária
A ordem de retirada na segunda-feira veio na forma de folhetos lançados pelas FDI, mensagens de texto e publicações no X, pedindo aos civis em quatro municípios do sul de Gaza que saíssem imediatamente.

As áreas incluíam partes da chamada zona humanitária em Al-Mawasi, reduzindo ainda mais a delimitação.

Um posto dos militares israelenses alertou os civis em Khan Younis que “agirá com força contra organizações terroristas. Para sua segurança, você deve se retirar imediatamente para o oeste, para a nova zona humanitária. A área em que você está é considerada uma zona de combate perigosa”.

A Diretoria de Defesa Civil de Gaza ressaltou que a zona humanitária foi reduzida de 45 quilômetros quadrados para 28 quilômetros quadrados.

Junto com uma “área segura” no centro de Gaza, isso significa que 1,7 milhão de pessoas estão amontoadas em uma área de pouco menos de 50 quilômetros quadrados, ainda segundo a agência.

A Defesa Civil também disse que seus socorristas em Khan Younis foram um alvo enquanto tentavam resgatar civis.

ONU denuncia “condições desumanas” em Gaza
Agências de direitos humanos já alertaram contra ordens de retirada de Israel, emitidas sem a promessa de segurança ou acomodação segura para palestinos.

Na segunda-feira, a Agência de Assistência e Obras da ONU afirmou que as novas ordens de desocupação em Khan Younis levariam a “mais sofrimento e deslocamento” para as famílias palestinas.

“As pessoas em Gaza estão exaustas, vivendo em condições desumanas, sem segurança alguma”, postou o órgão no X.

O ACNUDH levantou preocupações nesta terça-feira sobre o cumprimento de Israel com as obrigações sob a lei internacional.

“Ordens confusas de retirada em massa emitidas por uma parte que está aumentando simultaneamente a intensidade de seus ataques nas áreas das quais a desocupação é ordenada e pelas quais as pessoas devem se mover colocam os civis em mais perigo e podem aumentar os danos aos civis”, ponderou a agência.

Muitos dos deslocados em Khan Younis foram forçados a fugir para Al-Mawasi, uma cidade de tendas com infraestrutura escassa, onde há pouco acesso a abrigo ou ajuda humanitária, acrescentou a agência.

“Isso levanta sérias preocupações quanto ao cumprimento de Israel com sua obrigação de tomar todas as precauções possíveis para evitar, e em qualquer caso minimizar, perdas incidentais de vidas civis e ferimentos a civis”, comentaram

Respondendo às críticas sobre a ordem de retirada, as Forças de Defesa de Israel repetiram à CNN que permanecer na área havia se tornado perigoso para civis por causa de “atividade terrorista significativa e disparos de foguetes em direção ao Estado de Israel da parte oriental da Área Humanitária na Faixa de Gaza.”

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