A seca severa que atinge todo o Brasil fez com que nascentes em áreas de conservação secassem, em Cuiabá. A capital mato-grossense completa cinco meses sem chuva neste mês.
Segundo a geóloga Chauanne da Cunha, das 316 nascentes monitoradas, 80% são intermitentes — que naturalmente vão secar em algum período. No entanto, neste ano, por causa da seca prolongada, muitas nascentes que já deveriam ter água de novo, continuam secas.
"Se a nascente seca antes desse período natural, as pessoas da região passam por um período maior de calor, pois a nascente ajuda a regular esse microclima", explicou a pesquisadora.
Além dos locais de preservação, o nível da lagoa presente no Parque das Águas atingiu a marcação mínima, pois a nascente também secou. No local, caminhões pipas fazem o abastecimento.
A onda de calor na capital está fazendo com que as pessoas saiam de casa para tentar encontrar um refúgio nos locais que seriam mais fresco, mas, com a falta de água, até esses locais estão sendo afetados, como foi informado pelo diretor geral de Limpeza Urbana de Cuiabá, João Carlos Haer.
"Para tentar amenizar, o pessoal vem fazer caminhada e usufruir do parque, mas, mesmo assim, infelizmente, a seca que teve nesse ano foi muito ruim para Mato Grosso", contou.
A falta de água nas nascentes que abastecem córregos e rios refletem também na seca no Pantanal. Segundo o pesquidador e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ibraim Fantim, a chuva foi abaixo da média e os mananciais subterrâneos também sentem esse impacto.
"Quando acontece esse rebaixamento, a situação fica mais perceptível nas nascentes, nos pequenos e grandes rios, que se tornam intermitentes", contou.
Além do controle na temperatura da cidade, as nascentes que estão secando são um refúgio para a vida silvestre, o que preocupa os pesquisadores.