O Tribunal de Justiça determinou, na terça-feira (19), a soltura do corretor imobiliário Lucas Goudinho e Gonçalves, preso na última quinta-feira (14), na Operação Datar, da Polícia Civil, que investiga um grupo que fazia lavagem de dinheiro para o tráfico de drogas em Mato Grosso.
A decisão é do desembargador Wesley Sanchez Lacerda, da Primeira Câmara Criminal, que impôs cautelares, como comparecimento mensal em juízo, proibição de ausentar-se da comarca sem autorização e de manter contato com os demais investigados, por qualquer meio.
Além de Lucas, o Tribunal de Justiça havia acolhido pedido de soltura de Thiago Massashi Sawamura, que também foi preso na operação.
Os outros investigados detidos, identificados como Diego de Lima Datto, Patrike Noro de Castro, Jackson Luiz Caye, Marco Antônio Santana e Rafael Geon de Souza continuam presos.
Segundo a decisão, entre 2015 a 2023, Lucas teria realizado movimentações financeiras fragmentadas com os investigados e supostos líderes da quadrilha, Diego de Lima Datto e Patrike Noro de Castro, nos valores de R$ 23,1 mil e R$ 12 mil, respectivamente.
Antecedente
A defesa de Lucas, feita pelo advogado Paulo José Lopes de Oliveira, argumentou que o crime de lavagem de dinheiro majorado não tem requisito para prisão preventiva, e que há uma distância longa de tempo entre o período da prática do crime e a investigação que resultou em sua prisão.
Ainda conforme a defesa, o investigado tem uma filha recém-nascida, que dependeria de seu trabalho.
“Embora os fatos em apuração sejam, de fato, graves e demandem aprofundamento das investigações, a situação específica do paciente não autoriza a manutenção da prisão preventiva, ao menos neste momento processual, sobretudo porque a própria decisão constritiva não o aponta como um dos principais investigados no esquema criminoso, bem como não há notícias de prática de novos crimes após o ano de 2023”, consta na decisão.
No documento, ainda foi revelado que Lucas foi condenado, em 2017, a 4 anos e 1 mês de prisão por associação ao tráfico de drogas. Ele responde a ação penal em regime semiaberto atualmente.
A operação
A investigação da Denarc (Delegacia Especializada de Repressão a Narcóticos) revelou que o grupo, composto também por pessoas de outros Estados, teria movimentado R$ 185 milhões em lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas em Mato Grosso.
Ao todo, a operação cumpriu 67 mandados, incluindo sete de prisão preventiva, 11 medidas cautelares diversas, 14 mandados de busca e apreensão, 19 ordens de bloqueio de contas bancárias e o sequestro de 16 veículos automotores.
Os mandados foram cumpridos em Cuiabá, Primavera do Leste, e nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Uma empresa e 19 pessoas foram alvos após descoberta de movimentações financeiras milionárias sem registro legal.
Durante as investigações, constatou-se que diversos alvos da operação, incluindo familiares, movimentavam valores expressivos por meio de contas próprias, sem qualquer lastro documental ou origem lícita comprovada.
Conforme a Polícia, parte dos recursos eram fracionados em pequenas quantias e transitavam entre contas de pessoas físicas e jurídicas, com o objetivo de ocultar e dissimular a real origem do dinheiro.