O Tribunal de Justiça autorizou o promotor de eventos e ex-servidor da Câmara de Cuiabá, Rodrigo de Souza Leal, condenado a 10 anos e 9 meses de prisão por associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa, a participar de um evento religioso em Santo Antônio do Leverger.
A decisão do desembargador Jorge Luiz Tadeu Rodrigues foi publicada no último sábado (25), e teve parecer favorável do Ministério Público Estadual (MPE).
Conforme a sentença, Rodrigo Leal cumpre medidas cautelares que o impedem de se ausentar de Cuiabá sem prévia autorização Justiça.
No habeas corpus, a defesa sustentou que o processo foi encaminhado ao Tribunal de Justiça justamente no momento em que o pedido urgente foi feito ao juiz de primeira instância, o que impediu que fosse apreciado a tempo.
Argumentou ainda que há urgência, porque o cliente poderia perder o retiro religioso por “excesso de burocracia”.
Ao analisar o pedido, o desembargador apontou que o advogado apresentou o pedido ao juízo errado, já que o caso está em fase de recurso e deve ser analisado pelo Tribunal. Segundo ele, não houve “excesso de burocracia”, pois o juiz de primeira instância não podia mais decidir sobre o assunto.
Apesar disso, o magistrado entendeu que não há impedimento para autorizar a participação do acusado no retiro religioso.
"Além disso, consta dos autos ofício expedido pela instituição religiosa, comunicando a realização do evento, bem como confirmando a participação do paciente", pontuou.
"Portanto, de ofício, concedo a tutela liminar para autorizar o paciente Rodrigo de Souza Leal a participar do evento religioso "Encontro com Deus - Legacy", realizado na Chácara Sol e Lua, em Santo Antônio do Leverger/MT, no período de 25 de outubro de 2025 a 26 de outubro de 2025", decidiu o desembargador.
Condenação na Ragnatela
A Operação Ragnatela foi deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar de Mato Grosso, em junho do ano passado.
Conforme as investigações, o grupo investigado adquiriu casas noturnas, como o antigo Dallas Bar, e lavava o dinheiro por meio da realização de shows nacionais. O esquema seria liderado por Joadir Alves Gonçalves, conhecido como "Jogador".
De acordo com a investigação, o dinheiro que ele investia na aquisição de casas noturnas e realização de shows saía do recolhimento da venda de drogas.
Posteriormente, os valores seriam repassados a Willian Aparecido da Costa Pereira, o "Gordão", proprietário do antigo Dallas Bar.
Ainda conforme o inquérito, "Gordão" transferia os valores para os promotores de eventos Rodrigo Leal e Jardel Pires, com objetivo de custear parte dos shows no Dallas e outras casas noturnas.
Segunda fase
Em setembro de 2024, a Ficco deflagrou a segunda fase da operação, a Pubblicare, que teve como alvo principal o ex-vereador de Cuiabá Paulo Henrique, acusado de articular a concessão de licenças para realização dos shows em casas noturnas, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.


