A Rússia realizou, na madrugada desta quarta-feira (9), o maior ataque aéreo contra a Ucrânia desde o início da invasão, em 2022. Segundo a Força Aérea ucraniana, foram lançados 728 drones e 13 mísseis. A maior parte foi interceptada: 711 drones e sete mísseis foram destruídos. O principal alvo foi a cidade de Lutsk, na região de Volhynia, distante da linha de frente. Ao todo, os bombardeios atingiram quatro regiões do país, segundo autoridades ucranianas, sem detalhar os locais exatos. Foram alvejadas também as regiões de Khmelnytsky, Kiev, Sumy, Zaporizhzhia e Kherson. Pelo menos oito pessoas morreram.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o ataque demonstra a recusa da Rússia em negociar a paz. Ele voltou a cobrar sanções mais duras contra Moscou, especialmente sobre o setor petrolífero, que, segundo ele, “alimenta a máquina de guerra russa há mais de três anos”. O ataque ocorreu dois dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometer o envio de “mais armas” à Ucrânia. O chefe de gabinete de Zelensky, Andrii Yermak, considerou significativa a coincidência entre os bombardeios e o anúncio norte-americano.
Do lado russo, o Ministério da Defesa informou que interceptou 86 drones ucranianos durante a noite. Além dos bombardeios com drones e mísseis, oito civis morreram em ataques russos na região de Donetsk, no leste do país, segundo a Procuradoria local.
O Kremlin reagiu com críticas à promessa de Trump de ampliar o apoio militar a Kiev. Nos últimos meses, Moscou e Washington protagonizaram idas e vindas em relação ao envio de armamentos. Apesar da pressão internacional, Rússia e Ucrânia seguem sem perspectivas de um novo encontro diplomático.
Desde maio, não houve novas rodadas de negociações, após dois encontros considerados pouco produtivos na Turquia. Enquanto isso, a Rússia continua avançando no leste ucraniano e anunciou nesta semana a tomada de uma cidade na região de Dnipropetrovsk. A Ucrânia insiste na necessidade de mais sistemas de defesa aérea para proteger suas cidades, em um conflito que já deixou dezenas de milhares de mortos.
O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a questionar a soberania ucraniana. Em junho, afirmou que “os povos russo e ucraniano são um só” e que “toda a Ucrânia pertence à Rússia”. A declaração foi duramente criticada por Kiev, que a classificou como cínica e uma prova do desinteresse russo em buscar a paz.