O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, confirmou que vai renunciar ao cargo assim que for criado um conselho de transição para o país, que está mergulhado numa onda de violência.
"O governo que dirijo não pode ficar insensível diante dessa situação. Nenhum sacrifício é grande demais para o nosso país", disse Henry, em discurso à nação, divulgado nas redes sociais.
"Quero agradecer ao povo haitiano pela oportunidade que me deu de servir com integridade, sabedoria e honestidade", declarou o chefe de Governo, que se encontra na ilha norte-americana de Porto Rico, depois de uma tentativa sem sucesso de regressar ao Haiti.
Henry garantiu que irá renunciar formalmente ao cargo após tratar dos "assuntos atuais" e assim que for criado um conselho de transição e nomeado um chefe de Governo interino.
"Os diferentes setores da vida nacional" terão 24 horas para designar um representante no conselho de transição, acrescentou o primeiro-ministro, que apelou também à calma.
Ele lamentou que a violência esteja aumentando há quase dois meses no Haiti, afetando a população, com assassinatos, ataques, saques e destruição de edifícios públicos e privados.
"O Haiti precisa de paz, estabilidade, desenvolvimento duradouro", disse o chefe de Governo, em um vídeo divulgado.
Horas antes, o atual líder da Comunidade do Caribe (Caricom) e presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, afirmou que o conselho de transição será composto por sete membros com direito a voto, de vários grupos sociais, incluindo partidos políticos, e dois observadores sem direito a voto: um membro da sociedade civil e um da comunidade inter-religiosa.
Ali garantiu que o conselho não vai incluir qualquer pessoa acusada ou já condenada em qualquer jurisdição, que esteja sob sanções da Organização das Nações Unidas (ONU), que se oponha às resoluções do Conselho de Segurança da instituição ou que pretenda concorrer nas próximas eleições.
O Conselho Presidencial de Transição "selecionará e nomeará rapidamente um primeiro-ministro interino", que irá liderar o Haiti até a realização de eleições, acrescentou.
Os países caribenhos promoveram uma reunião de urgência, nessa segunda-feira na Jamaica, por iniciativa da Caricom, com representantes da ONU e de vários países, incluindo França e Estados Unidos, para tentar encontrar uma solução para o Haiti.
Ariel Henry falou por videoconferência durante o encontro.
Sem eleições desde 2016, o Haiti não tem atualmente nem um Parlamento, nem um presidente. O último chefe de Estado, Jovenel Moïse, foi assassinado em 2021.
A onda de violência causada por grupos armados aumentou quando, em 28 de fevereiro, foi informado que Henry, que deveria ter deixado o poder em 7 de fevereiro, conforme acordo de 2022, tinha se comprometido a realizar eleições no Haiti apenas em 2025.