Após os protestos contra turistas ocorridos em Barcelona, o prefeito da Cidade do Panamá, Mayer Mizrachi, fez uma oferta aos viajantes afetados e aos que ele considerava “maltratados” naqueles protestos: “Conheça o Panamá por uma semana, totalmente grátis.”
O prefeito tomou como referência os protestos de sábado, 6 de julho, em que milhares de pessoas saíram às ruas de Barcelona contra o turismo de massa, denunciando o impacto negativo no custo e na qualidade de vida da população local.
Nos protestos, os manifestantes atacaram um pequeno grupo de turistas com pistolas de água e gritaram “turistas, vão para casa”, enquanto outros carregavam faixas com slogans como “Barcelona não está à venda”.
“Quando vi as notícias da Espanha, disse: ‘Não pode ser, temos que aproveitar o que eles não querem e dizer que nós queremos'”, disse Mizrachi.
“Parece que o lixo de algumas pessoas é o tesouro de outros, certo? Queremos destacar o turismo do Panamá e estamos muito satisfeitos por ter os problemas que eles têm na Espanha. Que tenhamos uma abundância e a cidade transborda de turistas. Isso seria positivo”, acrescentou.
No Panamá, Mayer Mizrachi é um conhecido “influenciador”, com quase 200 mil seguidores na rede social X (antigo Twitter), quase meio milhão no TikTok e mais de 700 mil no Instagram.
O prefeito utilizou suas redes sociais para transmitir um vídeo oferecendo aos turistas afetados pelos protestos uma viagem totalmente paga ao Panamá, mas quer localizar quatro pessoas em particular.
“Essas quatro pessoas são as que vimos no vídeo, o vídeo que se tornou viral, que tentavam se proteger da água, porque obviamente caiu sobre elas. Foram as pessoas mais mal tratadas que pudemos ver. Mas qualquer um das pessoas que se viram envolvidos naquela situação, que não saíram no vídeo, também”, disse Mizrachi, ao convidar as pessoas a contatá-lo através de suas redes sociais, as da Prefeitura do Panamá ou as da Autoridade de Turismo do Panamá.
Uma prefeitura endividada
Como parte de sua promoção, Mayer Mizrachi disse que serão oferecidos aos turistas passagens, passeios e restaurantes gratuitos.
“Como prefeito, iria pessoalmente buscá-los no aeroporto e dar a eles as primeiras boas-vindas, recebendo-os mesmo na Casa do Município, na Zona Velha, no centro histórico”, assegurou.
A sua aposta é que estes visitantes “levem uma impressão ao resto do mundo, de um país que talvez nunca tivessem conhecido de outra forma”, acrescentou.
A ideia, segundo o prefeito, é que visitem o Canal do Panamá, o Centro Histórico, as praias, e as montanhas, como “Boquete”, mas sem recorrer a fundos públicos, tendo em conta que, como nova autoridade, no início de julho, ele diz que herdou uma prefeitura com dívidas superiores a US$ 160 milhões.
“O mais bonito de tudo isso é que não está sendo usado nem um dólar de dinheiro público, mas como prefeito tenho feito o trabalho de entrar em contato com as diversas empresas que participam do turismo, desde companhias aéreas, até hotéis, até locadoras de veículos, que nos querem emprestar motoristas com carros. Todos querem dar o seu grão de areia para dar a estes turistas a oportunidade de conhecer o nosso país”, explicou Mizrachi.
A Prefeitura do Panamá lança oficialmente esta semana uma campanha que busca que a cidade tenha sua marca e identidade assim como, segundo o responsável, as cidades de Miami e Nova York, nos Estados Unidos, têm seus logotipos e cores.
Números da Autoridade de Turismo do Panamá indicam que, em 2023, mais de 2,5 milhões de visitantes entraram no país, e quase 1,8 milhão o fizeram através do Aeroporto Internacional de Tocumen.
No ano passado, os turistas contribuíram com 5.452 milhões de dólares, com um tempo médio de permanência de oito dias, nos quais gastaram em média 2.165 dólares e cerca de 271 dólares por dia.