Uma das metas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) nos Jogos Pan-Americanos de Santiago era retornar do Chile com o máximo possível de vagas à Olimpíada de Paris, em 2024. A percepção da entidade é de que o objetivo foi alcançado. A delegação brasileira garantiu, graças ao Pan, mais 40 lugares no avião rumo à capital francesa, que agora tem 143 assentos reservados.
Das 40 vagas obtidas em Santiago, 15 são nominais, ou seja, pertencem aos atletas. No tênis, Laura Pigossi se assegurou em Paris ao alcançar a final do torneio de simples no Pan. Para não perder o lugar ela tem de seguir entre as 400 primeiras do ranking mundial até o meio de 2024. A brasileira está na 134ª posição.
No pentatlo moderno, o nono lugar garantiu Isabela Abreu nos Jogos de 2024, como melhor sul-americana da disputa no Chile. No tênis de mesa, Bruna Takahashi e Vitor Ishiy foram à final das duplas mistas do Pan e também asseguraram as respectivas vagas na capital francesa. Em Santiago, ambos ficaram com a prata. Bruna ainda obteve mais três medalhas (prata no individual e nas duplas femininas - jogando ao lado da irmã Giulia Takahashi - e bronze por equipes), enquanto Vitor foi ouro por equipes e prata nas duplas masculinas, com Hugo Calderano, principal mesatenista do país.
Nas piscinas, Maria Fernanda Costa e Gabrielle Roncato atingiram índice olímpico nos 400 metros nado livre. Elas fizeram, respectivamente, tempos de 4min06s68 e 4min06s88, conquistando prata e bronze. Foi a primeira vez, em um Pan, que duas brasileiras ocuparam o mesmo pódio na natação. Se nenhuma atleta alcançar o índice da prova na seletiva nacional da modalidade, no ano que vem, as vagas serão delas.
O boxe foi a modalidade com mais atletas garantidos nominalmente: nove, todos finalistas. Com eles vieram quatro ouros (Beatriz Ferreira, Bárbara Santos, Jucielen Romeu e Caroline Almeida) e cinco pratas (Tatiana Chagas, Keno Marley, Wanderley Pereira, Michael Trindade e Abner Teixeira - com problemas físicos, os dois últimos foram poupados da luta decisiva, já que estavam com a vaga olímpica confirmada).
“A medalha do Pan foi muito importante para mim, mais ainda a classificação [olímpica]. É uma realização. Todo atleta, eu principalmente, sonha participar de uma Olimpíada. Graças a Deus, conquistei [a vaga]. Fui prata nos Jogos Sul-Americanos [em 2022], bronze no Mundial [em 2021]. Estou muito feliz com todas essas conquistas em pouco tempo de seleção”, comemorou Caroline em depoimento à Agência Brasil.
As outras 25 vagas foram alcançadas para o país, o que significa que aqueles que ocuparão os assentos no avião que vai à Paris não necessariamente serão os mesmos que os conquistaram. A maior parte desses lugares são destinados a 14 atletas do handebol feminino. A seleção brasileira se credenciou aos Jogos graças à medalha de ouro em Santiago, a sétima consecutiva no evento.
O hipismo rendeu mais seis vagas olímpicas ao Brasil. Três no adestramento, com a prata de João Victor Oliva, Renderson Oliveira, Manuel Tavares e Paulo Cesar dos Santos na disputa por equipes. Outras três no Concurso Completo de Equitação (CCE), no qual o conjunto formado por Márcio Jorge, Carlos Parro, Rafael Losano e Ruy Fonseca foi bronze. João Victor e Márcio Jorge ainda obtiveram medalhas de bronze e prata, respectivamente, nas provas individuais.
Na vela, as bicampeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram ouro em Santiago e garantiram a presença brasileira na classe 49er FX em Paris, enquanto Samuel Albrecht e Gabriela Sá, bronze no Chile, classificaram o Brasil na Nacra 17. Por fim, Ana Machado assegurou vaga ao país na disputa do arco recurvo feminino, ao ser medalhista de prata na capital chilena.
Brilho delas
A medalha de Ana Machado no tiro com arco foi uma das 95 alcançadas pelo esporte feminino brasileiro em Santiago. Pela primeira vez, a campanha no Pan teve as mulheres como responsáveis pela maioria das conquistas do Brasil, tanto no total como no número de ouros (33). Os homens atingiram 92 pódios, com 30 ouros. Houve ainda 18 láureas - três douradas - em disputas mistas.
O brilho feminino foi impulsionado pela ginástica, esporte que mais rendeu pódios ao Brasil, considerando as três modalidades (artística, rítmica e de trampolim). Foram 31 medalhas, sendo oito conquistadas pelos homens e 23 por elas, o que representa praticamente um quarto (24,21%) do total atingido pelas mulheres do país em Santiago. No recorte somente de ouros, a proporção é ainda maior. As ginastas obtiveram dez láureas douradas, quase um terço (30,3%) das vezes em que uma brasileira foi ao topo do pódio no Chile.